Reflita nessas palavras da escritora Lya Luft

"A vida deveria nos oferecer um lugarzinho no rodapé da nossa história pessoal para eventuais erratas, como em tese de doutorado (as que não são plágio). Pelas vezes em que na infância e adolescência a gente foi bobo, foi inegênuo, foi indisculpavelmente romântico, cego e teimoso, devia haver uma errata possível. Como quando a gente acreditou que se fosse bonzinho ganharia aquela bicicleta; que todos os professores eram sábios e justos e todas as autoridades decentes; e quando a gente acreditou que pai e mãe eram imortais e perfeitos ...

Devia haver erratas que anulassem bobagens adultas: botei fora aquela oportunidade, não cuidei da minha grana, fui onipotente, perdi quem era tão precioso pra mim ... Ofendi aquela pessoa que me faria bem e corri atrás de quem logo adiante ia me passar uma rasteira. Profissionalmente não me preparei, não me preveni, não refleti, não entendi nada, tomei as piores decisões. Ah, que bom seria se essas trapalhadas pudessem ser anuladas com uma boa errata. Em geral não podem."